quinta-feira, 3 de abril de 2008,12:29
Passos em volta


Há aqueles momentos inconvenientes da nossa vida em que duvidamos das escolhas que fizemos.


Às vezes vamos sossegados na nossa vidinha, a espreitar ali, a espreitar acolá e sem querer tropeçamos nalgo que nos magoa. Não estou propriamente a falar do estado da calçada portuguesa e das nódoas negras dos meus dedos dos pés, se bem que poderia igualmente ir por aí...
Hoje foi isso que me aconteceu. Sem querer encontrei algo que preferia não ter encontrado e que me fez sofrer. E que me fez duvidar de decisões tomadas. Mas sei que se pensar bem consigo encontrar 1001 razões para as ter tomado e para me convencer que segui o caminho correcto; bem, correcto soa demasiadamente moralista, porque não caracterizá-lo como natural ?...
Mas magoa na mesma. A verdade é que somos egoístas por natureza (e peço desde já desculpas a alguma ser humano verdadeiramente altruísta que leia este post…também os há, I’m a believer…) ….er….onde é que EU ia? Isso, somos egoístas por natureza e temos uma tendência (genética?) imediata para a auto preservação…a todos os níveis. E isso implica, claro, auto preservação emocional. Por isso protegemos o nosso coração primeiro antes de pensar no dos outros.
Algures num passado recente pus esse dogma em causa contra mim mesma. Se estou orgulhosa de mim mesma? Nem por isso…na realidade é em dias raros como esse que penso que ser altruísta devia ser considerada uma profissão de alto risco. Mas depois as seguradoras não lucravam nada com isso e era uma chatice…
Na realidade estou a circular o tema propositadamente…como um predador que rodeia uma presa ferida mas ainda não está bem certo se pode afiar os dentes…esta metáfora não tem mesmo lugar aqui, mas pronto, isto de qualquer das maneiras é para se ver como o meu cérebro às vezes sai a galope para planícies que eu desconheço ….e graças a Deus por isso, há coisas que prefiro nem eu mesma saber (conscientemente pelo menos); e pronto, perdi-me outra vez.
Estou a circular o tema porque não quero pôr o dedo na ferida; uma amiga relembrou-me há uns dias desta expressão ‘pôr o dedo na ferida’. E não o quero fazer por sei de antemão que esta ainda não está bem sarada…não vale a pena andar lá a coscuvilhar. Pois, mas foi inevitável, apanharam-me de surpresa. E sendo assim ponho-me a escrever porque é das melhores formas que conheço para cicatrizar feridas profundas. Escrever, desabafar, balbuciar expressões e pensamentos que provavelmente mais ninguém vai entender. Não interessa, a cada palavra transposta para esta folha de papel digital sinto o coração mais levezinho…agora só não vale abrir aquela porta outra vez. Mas como já sei onde ela está, o risco é menor.

Tão giro como se pode falar tanto de um assunto sem dizer praticamente nada sobre ele.

Tenho muitas saudades tuas. Tenho, a sério. Bem…há coisas de que não tenho saudades mas essas ficam só entre nós ;))
Há tempos atrás escolhi ficar com as saudades …. e com as recordações … e com as notas que de vez em quando me continuam a assaltar assim de repente. Tive-te tempo suficiente para te conseguir evocar sem precisar de te tocar e feliz ou infelizmente a vida é feita destes pequenos passos em frente ainda a olhar por cima do ombro…
(provavelmente por ter muitos destes momentos é que estou cheia de nódoas negras nos dedinhos dos pés …)

NOTA DO AUTOR (após dois ou três equívocos): Este post não é sobre relações amorosas nem homens, não vão por aí :)
 
Por SDR
outras viagens... ¤