sexta-feira, 31 de agosto de 2007,11:35
Espelho Meu

E um dia a criança percebeu que já não era criança.
Que podia brincar,
Que podia chorar,
Que podia rir à gargalhada.
Que podia continuar a chegar a casa toda suja das brincadeiras no jardim,
Que podia continuar a jogar às escondidas com os amigos,
mas que já não podia continuar a fugir do espelho.
Não foi o que viu reflectido no espelho da parede do quarto da mãe que a assustou...
foi o facto de ainda não o ter visto antes.
De facto as roupas de brincadeira já eram demasiado pequenas
e nos jogos de escondidas era cada vez mais difícil encontrar um lugar onde coubesse.
Mas ainda não tinha percebido.
Que algures no caminho percorrido de tantas brincadeiras, tantos jogos, tantas emoções, tinha crescido e ocorrera uma estranha transformação.
Tinha-se esforçado tanto por não mudar nada.

Mas não havia como fugir mais ao espelho.

Agora o caminho a percorrer era outro. Havia alguém que precisava de conhecer.
Um adulto que já a acompanhava há algum tempo mas que sempre tinha querido ignorar.


Bem...podia ser que conseguisse convencê-lo a vir brincar.
 
quinta-feira, 16 de agosto de 2007,12:23
Eu sei

Há pequenos gestos que fazem a diferença.

Como quando me escovas o cabelo e todos os teus gestos revelam o medo de me magoar

Como quando me ajudas a dar o laço na minha camisa sem eu te pedir

Como quando fazes 500 km de carro para me levar onde preciso de ir em vez de ficar em casa a descansar

Como quando me deixas adormecer em cima do teu ombro até ele ficar dormente


Há pequenos gestos que me fazem ter a certeza que chegaremos ao Outono juntos.